℗ 2015 Universal Music Portugal, S.A.
Letra e Música: Carlos Tê
O meu amor foi para o Brasil nesse vapor
Gravou a fumo o seu adeus no azul do céu
Quando chegou ao Rio de Janeiro
Nem uma linha escreveu
Já passou um ano inteiro
Deixou promessa de carta de chamada
Nesta barriga deixou uma semente
A flor nasceu e ficou espigada
Quer saber do pai ausente
E eu não lhe sei dizer nada
Anda perdido no meio das caboclas
Mulheres que não sabem o que é pecado
Os santos delas são mais fortes
do que os meus
Que fazem orelhas moucas
No peditório dos céus
Já deve estar por lá amarrado
Num rosário de búzios
Que o deixou enfeitiçado
O meu amor foi seringueiro no Pará
Foi recoveiro nos sertões do Piauí
Foi funileiro em terras do Maranhão
Alguém me disse que o viu
Num domingo a fazer pão
O meu amor já tem jeitinho brasileiro
Meteu açúcar com canela nas vogais
Já dança o fórró e arrisca no pandeiro
Quem sabe um dia vai
Arriscar outros carnavais
Anda perdido no meio das mulatas
Já deve estar noutros braços derretido
Já sei que os santos delas são milagreiros
Dançam com alegria
No batuque dos terreiros
Mas tenho esperança
Que um dia a saudade
Bata e ele volte para
os meus braços caseiros
Está em São Paulo e trabalha em telecom
Já deve ter Doutor escrito num cartão
À noite samba no Ó-de-Boro-gódó
Esqueceu o solidó
E já não chora a ouvir fado
Não sei que diga ele era tão desengonçado
Se o vir já não o quero
Deve estar um enjoado