Symphonie pour un homme seul - Pierre Schaeffer & Pierre Henry
Symphonie pour un homme seul - Pierre Schaeffer e Pierre Henry - Recriação instrumental pelo grupo Personne - Parque Lage, Rio de Janeiro, 16 de outubro de 2010.
Neste programa, foi apresentada a famosa obra de Pierre Henry e Pierre Schaeffer em duas versões. A nova versão resulta da interpretação dos músicos Doriana Mendes, Lilian Campesato, Janete El Haouli, Fernando Iazzetta, Michelle Agnes, Alexandre Fenerich, Carlos Henrique Bellaver e José Augusto Mannis, com curadoria de Rodolfo Caesar a partir da minuciosa e detalhada partitura criada por Mannis através do exercício da escuta. Trata-se de um trabalho jamais feito: a recriação acústica e presencial desta obra que originalmente foi composta sobre o suporte da fita gravada e se apresentava acusmática (sem apoio de músicos presentes). Os músicos tocam instrumentos tradicionais, eletrônicos e fontes sonoras de diversas procedências. Antes de cada um dos doze movimentos da obra, pode-se escutar o movimento original correspondente.
Nota de Programa:
Os compositores franceses Pierre Schaeffer e Pierre Henry compuseram, a quatro mãos, a obra-prima da musique concrète: a Sinfonia para um homem só. Foi estreada em 1950, em situação acusmática, isto é, sem a presença de intérpretes na cena, circunstância imposta por seu método de composição: o trabalho com sons gravados e manipulados em estúdio. Anos mais tarde, o acusmatismo foi adotado esteticamente pela música eletroacústica. Entretanto, o que esta obra representa hoje tem menos a ver com a forma de apresentação ou com a divisão de trabalho, e muito mais com a potência maior da música concreta: o aproveitamento musical de todos os sons produzíveis pelo ’homem-só’. Posteriormente, Pierre Schaeffer empreendeu uma aventura teórica pesquisando a escuta, tarefa esta que devia, de início, estabelecer os limites do que seria seu objeto de estudo, o som, musical ou não. Atualmente, entende-se que os sons remetem a experiências de ordem extra-sonora: tátil (sons rugosos, grãos, massa densa, etc.), térmicos (imagem de calor), visuais (perfil melódico, perfil de massa), mais os potenciais sentidos da palavra soante, lançando a escuta no mundo da sinestesia e de uma transmodalidade perceptual, trazendo a expressão musical às fronteiras com as outras artes. O evento do dia 16 de outubro no Parque Lage prestou homenagem aos sessenta anos desta obra seminal - e a seus autores - apresentando a Symphonie em sua versão original e em uma versão composta pelas mãos de diversos músicos, baseada em escutas analíticas. (Texto Rodolfo Caesar)
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